Fabio Melo*
Jonathan Vargas**
No dia 24 de agosto nós da Juventude Socialista/PDT lembramos do maior estadista do Brasil: Getúlio Vargas. Ele saiu da vida para entrar na história; e mesmo em vida já havia marcado profundamente a história do nosso país. Sem dúvida, falar sobre este personagem tão importante, requer um texto mais amplo e mais abrangente, mas escolhemos alguns pontos para objetivar este artigo e permitir que o leitor busque por conta própria mais aspectos sobre a vida de Vargas e como ele transformou a nação brasileira com seu legado.
Getúlio Dornelles Vargas, nascido no dia 19 de abril de 1882, na cidade de São Borja, filho de um General que lutou na Guerra do Paraguai (Manuel do Nascimento Vargas) – e um político de destaque no Rio Grande do Sul. Ganhou projeção nacional durante a campanha presidencial de 1930 contrapondo as velhas práticas políticas da República Oligárquica. Derrotado nas urnas, seus aliados políticos alegaram fraude (que realmente houve) e iniciou-se um processo de revolução política. Inicialmente a Revolução de 1930 seria apenas um movimento entre as elites. Mas durante as operações não apenas militares, mas também civis, profissionais liberais e trabalhadores apoiaram os revolucionários. Em outubro de 1930 o movimento revolucionário foi vitorioso e Getúlio se tornou o chefe da nação. E o que antes parecia uma disputa entre elites de fazendeiros, mostrou-se o início de uma nova fase na história brasileira. Vargas como presidente incentivou a indústria, as leis sociais do trabalho, o voto da mulher e a criação de sindicatos.
Em 1937, as disputas entre integralistas(extrema-direita) e comunistas (esquerda eurocêntrica e pouco vinculada às necessidades brasileiras), obrigou Vargas a tomar medidas extremas. Em novembro decretou o Estado Novo que durou até 1945. Embora este período fosse um período de restrições, foi em 1942 (em pleno Estado Novo) que se instaurou a CLT: as leis do trabalho que ainda regulam os direitos e deveres de trabalhadores no nosso país. Em 1945 veio o fim do Estado Novo. Getúlio, nesta época, era amado(principalmente por sindicalistas e operários) e odiado por alguns setores empresariais(que o próprio Vargas estimulou com a sua política industrializante).
Enquanto o país se organizava em bases democráticas, elegendo deputados para redigir uma constituição em 1945, Vargas decidiu criar um partido chamado Partido Social Democrático. Pelo nome do partido ele seria inspirado em doutrinas socialistas e de social-democracia, mas Vargas percebeu que o partido que criou estava sendo tomado pelos antigos burocratas e empresários, ambos de tendências conservadoras e que não davam espaço para os trabalhadores (a elite nunca perdoou Vargas pelas leis do trabalho– CLT). Neste sentido, Vargas decidiu criar um partido somente para esses setores operários que ganhavam cada vez mais força nas cidades, assim foi criado o Partido Trabalhista Brasileiro(o PTB – que não tem nada a ver com o PTB de hoje, somente o nome). O PTB, entre 1945 e 1950, conseguiu agregar muitos setores da esquerda nacionalista, inclusive alguns estudantes, como foi o caso de Leonel Brizola, e intelectuais, como Alberto Pasqualini (encarregado de elaborar a ideologia do trabalhismo brasileiro)
Nas eleições de 1950, Vargas é eleito presidente; a voz do povo foi mais forte nas urnas. As forças da esquerda nacionalista estão do seu lado. As forças conservadoras e liberais, encabeçadas pelo partido UDN, são contrários a Vargas – até mesmo discutindo a possibilidade de golpe para impedir que Getúlio fosse empossado. Vargas governa o Brasil de forma democrática. Neste segundo governo Vargas(1951-1954) foram criadas as grandes estatais brasileiras: a PETROBRÁS, o BNDES e foi criada a proposta da ELETROBRAS (que só foi criada de fato no governo de João Goulart em 1962, seu projeto foi boicotado no governo Vargas). Além do que, Vargas instituiu o aumento de 100% do salário dos trabalhadores – o que provocou a raiva do empresariado e a demissão do ministro João Goulart.
A oposição udenista (da UDN) e os demais setores conservadores, lacaios do capitalismo estrangeiro, não queriam que o Brasil fosse um país independente. Assim, iniciou-se uma verdadeira campanha anti-Vargas, pela imprensa – sob o controle da direita golpista. Até hoje notamos que os jornais e as redes de TV são conservadores e reacionários. No dia 24, Vargas, pressionado pela direita, deu um tiro no próprio peito. Sua morte foi seu último gesto político: impediu um golpe militar. A população, comovida com a morte do “pai dos pobres”, foi as ruas; no Rio de Janeiro e em Porto Alegre os jornais golpistas foram invadidos pela população em revolta.
Ao contrário do que muitos pensavam, a morte de Vargas não enfraqueceu o trabalhismo, mas deu a ele uma força revigorante. Lideranças como Brizola e João Goulart, despontaram no cenário nacional e internacional. No início dos anos 1960, as Reformas de Base representavam um amplo projeto de nação que beneficiava os mais necessitados. Os setores conservadores, mais uma vez recorreram ao golpe. Em 1964, o golpe contra o trabalhismo deu fim a implantação das Reformas de Base. Iniciou-se a ditadura mais violenta e cruel da história do Brasil, uma ditadura contra a bandeira trabalhista.
Demorou mais de 15 anos para que o trabalhismo voltasse a se organizar. Brizola, um dos herdeiros de Vargas tentou retomar o PTB, mas uma manobra do regime militar, deu a sigla para um grupo conservador. Brizola, os trabalhistas e os socialistas fundaram então o Partido Democrático Trabalhista, o único e verdadeiro continuador da herança de Getúlio.
Amado por uns, odiado por outros, Vargas é, sem sombra de dúvida, o mais importante estadista do século XX. Seu legado fez de políticos, como o próprio Brizola, representar o mais radical projeto de esquerda para o país. O trabalhismo autêntico, do PDT , é o verdadeiro legado de Vargas. E e ainda hoje o país carece de reformas que deem a seus cidadãos a verdadeira justiça social que tanto necessitamos.
O TRABALHISMO É O CAMINHO BRASILEIRO PARA O SOCIALISMO!
¹ Texto publicado no Folha Trabalhista, jornal da Juventude Socialista/PDT de Porto Alegre, mês de agosto.
*Historiador e militante da esquerda trabalhista da Juventude Socialista de Porto Alegre.
**Bisneto de Getúlio Vargas, estudante de Direito pela PUCRS e de Políticas Públicas pela UFRGS, militante da esquerda trabalhista da Juventude Socialista de Porto Alegre.
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