É NECESSÁRIO REINVENTAR!
Diego Rodrigues de Oliveira*
O movimento estudantil nunca foi uma vestal pura e livre das artimanhas politiqueiras das estâncias burocráticas partidárias, como alguns tentam maquiar.
Também nunca foi tão omisso do destino de nosso povo, como vem semostrando nos últimos 15 anos desde que a “juventude” de alguns partidos ocupou a direção das principais entidades. Aquele movimento estudantil, que atuava na vanguarda das transformações sociais do país, com paixão, não é mais o mesmo. Não dialoga, não constrói bases e, no entanto, muitos falam reproduzindo discursos fantasiosos, irracionais e não-históricos, de como romper com a inércia que se instalou nesse movimento. Fingem abraçar bandeiras e conceitos, cunhados por grandes intelectuais da educação brasileira, mas suas práticas de atuação nos congressos das entidades, rompem com os discursos demudança. Darcy Ribeiro, falava com entusiasmo da "reinvenção do Brasil" a partir da educação, superando o pensamento único e criando um modelo que não seja fruto dessa lógica desigual do capital, mas sim, semente de uma nova realidade social.
Viva a"nossa" UNE, viva a UNE verdadeiramente popular .
“Fracassei em tudo o que tentei na vida.
T entei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
T entei salvar os índios, não consegui.
T entei fazer uma universidade séria e fracassei.
T entei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”
(Darcy Ribeiro)
E vocês? Querem estar ao lado de quem venceu ou de quem tenta fazer um movimento estudantil Democrático e Popular?
*Graduado em História pela Universidade Federal de Pelotas.
GETÚLIO
VARGAS: UM ESTADISTA DE ESQUERDA
Fabio
Melo*
Jonathan
Vargas**
No
dia 24 de agosto nós da Juventude Socialista/PDT lembramos do maior
estadista do Brasil: Getúlio Vargas. Ele saiu da vida para entrar na
história; e mesmo em vida já havia marcado profundamente a história
do nosso país. Sem dúvida, falar sobre este personagem tão
importante, requer um texto mais amplo e mais abrangente, mas
escolhemos alguns pontos para objetivar este artigo e permitir que o
leitor busque por conta própria mais aspectos sobre a vida de Vargas
e como ele transformou a nação brasileira com seu legado.
Getúlio
Dornelles Vargas, nascido no dia 19 de abril de 1882, na cidade de
São Borja, foi filho de um General – que lutou na Guerra do
Paraguai (Manuel do Nascimento Vargas) – e um político de destaque
no Rio Grande do Sul. Ganhou projeção nacional durante a campanha
precidencial de 1930 contrapondo as velhas práticas políticas da
República Oligárquica. Derrotado nas urnas, seus aliados políticos
alegaram fraude (que realmente houve) e iniciou-se um processo de
revolução política. Inicialmente a Revolução de 1930 seria
apenas um movimento entre as elites. Mas durante as operações não
apenas militares, mas também civis, profissionais liberais e
trabalhadores apoiaram os revolucionarios. Em outubro de 1930 o
movimento revolucionario foi vitorioso e Getúlio se tornou o chefe
da nação. E o que antes parecia uma disputa entre elites de
fazendeiros, mostrou-se o início de uma nova fase na história
brasileira. Vargas como presidente incentivou a indústria, as leis
sociais do trabalho, o voto da mulher e a criação de sindicatos.
Em
1937, as disputas entre integralistas (extrema-direita) e comunistas
(esquerda eurocêntrica e pouco vinculada às necessidades
brasileiras), obrigou Vargas a tomar medidas extremas. Em novembro
decretou o Estado Novo que durou até 1945. Embora este período
fosse um período de restrições, foi em 1942 (em pleno Estado Novo)
que se instaurou a CLT: as leis do trabalho que ainda regulam os
direitos e deveres de trabalhadores no nosso país. Em 1945 veio o
fim do Estado Novo. Getúlio, nesta época, era amado (principalmente
por sindicalistas e operários) e odiado por alguns setores
empresariais (que o próprio Vargas estimulou com a sua política
industrializante).
Enquanto
o país se orgnizava em bases democráticas, elegendo deputados para
redigir uma constituição em 1945, Vargas decidiu criar um partido
chamado Partido Social Democrático. Pelo nome do partido ele seria
inspirado em doutrinas socialistas e de social-democracia, mas Vargas
percebeu que o partido que criou estava sendo tomado pelos antigos
burocratas e empresários, ambos de tendências conservadoras e que
não davam espaço para os trabalhadores (a elite nunca perdoou
Vargas pelas leis do trabalho – CLT). Neste sentido, Vargas deciciu
criar um partido somente para esses setores operários que ganhavam
cada vez mais força nas cidades, assim foi criado o Partido
Trabalhista Brasileiro (o PTB – que não tem nada a ver com o PTB
de hoje, somente o nome). O PTB, entre 1945 e 1950, conseguiu agregar
muitos setores da esquerda nacionalista, inclusive alguns estudantes,
como foi o caso de Leonel Brizola, e intelectuais, como Alberto
Pasqualini (encarregado de elaborar a ideologia do trabalhismo
brasileiro).
Nas
eleições de 1950, Vargas é eleito presidente; a voz do povo foi
mais forte nas urnas. As forças da esquerda nacionalista estão do
seu lado. As forças conservadoras e liberais, encabeçadas pelo
partido UDN, são contrários a Vargas – até mesmo discutindo a
possibilidade de golpe para impedir que Getúlio fosse empossado.
Vargas governa o Brasil de forma democrática. Neste
segundo governo Vargas (1951-1954) foram criadas as grandes estatais
brasileiras: a PETROBRÁS, o BNDES e foi criada a proposta da
ELETROBRÁS (que só foi criada de fato no governo de João Goulart
em 1962, seu projeto foi boicotado no governo Vargas). Além do que,
Vargas istituiu o aumento de 100% do salário dos trabalhadores – o
que provocou a raiva do empresariado e a demissão do ministro João
Goulart.
A
oposição udenista (da UDN) e os demais setores conservadores,
lacaios do capitalismo estrangeiro, não queriam que o Brasil fosse
um país independente. Segundo o próprio Vargas, não queriam que o
povo fosse independente. Assim, iniciou-se uma verdadeira campanha
anti-Vargas, pela imprensa – sob o controle da direita golpista.
Até hoje notamos que os jornais e as redes de TV são conservadores
e reacionários. No dia 24, Vargas, pressionado pela direita e até
pela esquerda eurocêntrica, deu um tiro no próprio peito. Sua morte
foi seu último gesto político: impediu um golpe militar. A
população, comovida com a morte do “pai dos pobres”, foi as
ruas, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre os jornais golpistas foram
invadidos pela população em revolta. O povo sabia, e a Carta
Testamento de Vargas atestava, quem eram os inimigos do povo
brasileiro.
Ao
contrário do que muitos pensavam, a morte de Vargas não enfraqueceu
o trabalhismo, mas deu a ele uma força revigorante. Lideranças como
Brizola e João Goulart, despontaram no cenário nacional e
internacional. No início dos anos 1960, as Reformas de Base
representavam um amplo projeto de nação que beneficiava os mais
necessitados. Os setores conservadores, mais uma vez recorreram ao
golpe. Em 1964, o golpe contra o trabalhismo deu fim a implantação
das Reformas de Base. Iniciou-se a ditadura mais violenta e cruel da
história do Brasil, uma ditadura contra os trabalhadores, contra os
movimentos rurais e contra a bandeira trabalhista.
Demorou
mais de 15 anos para que o trabalhismo voltasse a se organizar.
Brizola, um dos herdeiros de Vargas tentou retomar o PTB, mas uma
manobra do regime militar, deu a sigla para um grupo conservador.
Brizola, os trabalhistas e os socialistas fundaram então o Partido
Democratico Trabalhista, o único e verdadeiro continuador da herança
de Getúlio.
Amado
por uns, odiado por outros, Vargas é, sem sombra de dúvida, o mais
importante estadista do século XX. Seu legado fez de políticos,
como o próprio Brizola, representar o mais radical projeto de
esquerda para o país. O trabalhismo autêntico, do PDT, é o
verdadeiro legado de Vargas. E einda hoje o país carece de reformas
que dêem a seus cidadãos a verdadeira justiça social que tanto
necessitamos.
O
TRABALHISMO É O CAMINHO BRASILEIRO PARA O SOCIALISMO!
*Historiador
e militante da esquerda trabalhista da Juventude Socialista de Porto
Alegre.
**Bisneto
de Getúlio Vargas, estudante de Direito pela PUCRS e de Políticas
Públicas pela UFRGS, militante da esquerda trabalhista da Juventude
Socialista de Porto Alegre.
GETÚLIO
E A CLT: UM LEGADO PARA DARMOS CONTINUIDADE
Bruno Saldanha*
No mês em que a morte de
Getúlio Vargas completará 60 anos, é preciso que nós,
trabalhistas, reflitamos o nosso papel na sociedade atual, enquanto
defensores dos direitos dos trabalhadores. Num momento em que os
trabalhadores mantinham relação de trabalho similar à escravidão,
Vargas deixou o seu maior legado em favor dos trabalhadores: a CLT!
Nela, foram garantidos muitos
direitos dos quais os trabalhadores lutavam, mas que nenhum político
do café-com-leite havia cedido. Em conversa com qualquer pessoa mais
velha, que tenha vivenciado a efetivação da política de Vargas,
fica evidente a importância e as boas lembranças desta época, uma
época em que o trabalhador foi colocado como prioridade no processo
de avanço econômico e social do país.
Jango deu continuidade neste
processo, implantando o benefício do décimo terceiro salário aos
trabalhadores. Infelizmente a política de Jango não pôde ser
efetivada, justamente por ter um caráter popular e trabalhista, com
suas reformas na estrutura política, devido a um golpe
civil-militar, que este ano completa 50 anos, e que nos deixou muitas
marcas conservadoras e autoritárias, impedindo muitos avanços para
o nosso país.
É nesse contexto que a
Juventude Socialista de Porto Alegre entende a necessidade de
repensarmos as questões trabalhistas, no sentido de adaptarmos os
direitos dos trabalhadores às necessidades e realidade atuais. Pouco
se avançou após o período de Jango, mas cabe ao PDT ser vanguarda
no processo de retomada da revisão da CLT e do avanço nos direitos
trabalhistas, como a redução da jornada de trabalho, as relações
entre empregador e empregado, salário mínimo, entre outros. Não
basta vivermos de lembranças e homenagens, sem que se leve para a
prática o legado que nos foi deixado por nossos líderes.
Aproveitemos este ano simbólico para refletirmos o quanto estamos
engajados na continuação dos projetos de Vargas, Jango e Brizola!
* Estudante
de Ciências Sociais pela UFRGS, educador de escola pública e
militante da esquerda trabalhista da Juventude Socialista do PDT.