REFORMA PRA QUE(M)?
Douglas Rafael Duarte*
Os protestos de junho e julho de 2013
configuraram-se, talvez, no maior exemplo de mobilização espontânea da população
brasileira em sua história recente. Ainda assim, a verdade é que
quase tudo recaiu no nada. A falta de pautas específicas e de
lideranças tornou as manifestações um tanto quanto estéreis. O
que de melhor ficou foi uma pontinha de medo dospolíticos e o debate
em torno da reforma política (real legado dos protestos).
Eu acredito que a reforma política
virá, inevitavelmente. É questão de tempo (mais ou menos tempo). É
um consenso entre os diversos grupos da sociedade a necessidade de modificar o atual modelo político,
seja para realmente modernizar nossa democracia ou apenas acalmar os
insatisfeitos. A grande questão é: tal reforma servirá a quem? A
resposta dependerá essencialmente da nossa mobilização.
A influência da elite reacionária
nacional na política fundamenta-se em três pilares principais: financiamento privado das
campanhas (que transforma políticas em marionetes de empresários),
mídia desregulamentada (“livre” para fazer o jogo da elite) e a impossibilidade de grupos organizados da sociedade exercerem uma
democracia mais direta. Dentre o muito que precisa mudar, os grupos
políticos das esquerdas devem unir-se, principalmente, para
modificar estes três pontos, que estrangulam nossa democracia.
Devemos lutar por conquistas
relacionadas ao modelo eleitoral e político. Somente com o fim das
coligações, o fim do financiamento privado de campanhas, com a
paridade no tempo da propagando eleitoral e com a radicalização da
democracia direta e participativa, construiremos as bases (eleitorais
e legislativas) para transformações mais profundas como as reformas
agrária e tributária, mas principalmente a domesticação do cão
raivoso da elite: a grande mídia. Caso contrário, não teremos
reforma, mas apenas uma maquiagem constitucional para acobertar a
manutenção dos privilégios da classe dominante.
*Bacharelando em
jornalismo da UFPel e vice-presidente da JSPDT-Piratini.
REFORMA POLÍTICA:
aprofundamento do debate como
forma de incusão democrática
Taylor de Aguiar*
A urgência de uma reforma política
brasileira é cada vez mais evidente.
O debate está lançado. A sociedade
começa a se conscientizar, graças às forças progressistas que
lutam bravamente pela verdadeira democratização do país. A reforma
do sistema político é um dos maiores passos em busca da cidadania.
Mas, o que faz dela uma necessidade irremediável? É importante
levantarmos questionamentos acerca das suas diretrizes mais centrais.
A quem ela interessa (ou não interessa)? E, sobretudo, como será
realizada e em quais moldes? Quem a dirigirá?
Ao pensarmos em uma reforma
política, nós, trabalhistas, ressaltamos logo a importância da
participação do trabalhador no processo de transformação do nosso
sistema político. O Brasil se encontra, como os demais Estados
ocidentais modernos, sob uma democracia representativa, onde o
trabalhador é, obviamente, representado, e não participante direto do processo
legislativo. Podemos questionar: são os partidos, e consequentemente os parlamentares,
representantes autênticos do povo? Se não, como farão uma reforma
identificada com os interesses dos trabalhadores?
Vem à tona, portanto, a necessidade
concreta de um debate progressivo, participativo e aprofundado acerca
da reforma política que se quer fazer, envolvendo todos os setores
da sociedade. O trabalhismo – do qual a JSPDT é vanguarda – não
pode esquecer do trabalhador nessa batalha. Nosso dever é levantar
qual seja o interesse de nosso povo em relação a uma reforma
política, e defender e divulgar este interesse, para que não
incorramos em algum erro irremediável surgido de alguma cúpula
burocrático-partidária sem legitimidade perante a sociedade.
Qual a reforma política que o povo
brasileiro quer? A que vem sem debate, embalada, elaborada pelos partidos
obsoletos e pronta para ser votada, ou a que surge do debate, da vontade popular e da
participação democrática? Eis o questionamento, eis o
direcionamento e eis a luta. Nós, que representamos o legado
getulista, janguista e brizolista, não nos renderemos ao que não
for popular.
*Estudante de Ciências
Sociais/UFRGS e militante da Juventude Socialista PDT/Porto Alegre.
É
PRECISO FORTALECER OS PARTIDOS
Fábio
Melo*
Quantas
vezes você já ouviu a seguinte frase: “políticos são todos
iguais”. Ou então: “políticos são todos ladrões”. Sem
dúvida são frases que reproduzem um sentimento de indignação da
população. Mas por outro lado, não correspondem TOTALMENTE a
realidade. É evidente que muitos políticos se metem em práticas
escandalosas e corruptas. Mas se há indignação na hora de apontar
e dizer que “político fulano é corrupto”, é preciso que esta
indignação sirva também para mudar a atual situação.
E
como mudar?
Muito
simples. É preciso fortalecer os partidos. É preciso se dedicar a
formar quadros partidários e uma militância com formação
ideológica, que não se entregue a esquemas esdrúxulos como o que
acompanhamos diariamente nas mídias. É neste ponto que entra a
juventude organizada. Ano passado, milhões de pessoas tomaram as
ruas revindicando mudanças. Organizações que se dizem “sem
partido” estavam junto com o povo nas ruas. E muitos que hasteavam
bandeiras partidárias eram hostilizados. Se há uma maneira de mudar
a realidade de sua rua, seu bairro, sua cidade, seu Estado e até seu
país, essa maneira é participando da política partidária – meio
verdadeiramente democrático de mudar alguma coisa. De acordo com a
Carta de Lisboa: “partidos e povo organizados constituem, por
conseguinte, as duas condições fundamentais para a construção de
uma sociedade democrática”. Não se engane com discursos que falam
em democracia mas repudiam a participação política partidária!
Por
outro lado, é preciso ter consciência da ideologia que cada partido
defende. Hoje em dia é comum partidos que são verdadeiras “legendas
de aluguel”, seus discursos são vazios de ideologia, dizem que não
são “nem de esquerda nem de direita”. Enquanto juventude de um
partido político (PDT) não concordamos com isto. Somos de esquerda!
Nós da Juventude Socialista do PDT defendemos o trabalhismo como
meio para se chegar ao socialismo. Mas não qualquer socialismo, e
sim o socialismo brasileiro – chamado de socialismo moreno
por Leonel Brizola por representar um socialismo democrático e
original adequado às nossas necessidades. Assim, estamos sempre
realizando atividades e debates para a formação de novos quadros e
lideranças comprometidas com a boa política. Somos o único partido
que tem uma história voltada ao povo do Brasil. Somos a esquerda
nacionalista cujas raízes vem de longe – da Revolução de 1930.
Não
nos rendemos! Ser revolucionário é lutar por um ideal!
*
Historiador
e militante da Juventude Socialista-PDT Porto Alegre