quarta-feira, 1 de outubro de 2014

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FOLHA TRABALHISTA - outubro de 2014



REFORMA PRA QUE(M)?

Douglas Rafael Duarte*

Os protestos de junho e julho de 2013 configuraram-se, talvez, no maior exemplo de mobilização espontânea da população brasileira em sua história recente. Ainda assim, a verdade é que quase tudo recaiu no nada. A falta de pautas específicas e de lideranças tornou as manifestações um tanto quanto estéreis. O que de melhor ficou foi uma pontinha de medo dospolíticos e o debate em torno da reforma política (real legado dos protestos).
Eu acredito que a reforma política virá, inevitavelmente. É questão de tempo (mais ou menos tempo). É um consenso entre os diversos grupos da sociedade a necessidade de modificar o atual modelo político, seja para realmente modernizar nossa democracia ou apenas acalmar os insatisfeitos. A grande questão é: tal reforma servirá a quem? A resposta dependerá essencialmente da nossa mobilização.
A influência da elite reacionária nacional na política fundamenta-se em três pilares principais: financiamento privado das campanhas (que transforma políticas em marionetes de empresários), mídia desregulamentada (“livre” para fazer o jogo da elite) e a impossibilidade de grupos organizados da sociedade exercerem uma democracia mais direta. Dentre o muito que precisa mudar, os grupos políticos das esquerdas devem unir-se, principalmente, para modificar estes três pontos, que estrangulam nossa democracia.
Devemos lutar por conquistas relacionadas ao modelo eleitoral e político. Somente com o fim das coligações, o fim do financiamento privado de campanhas, com a paridade no tempo da propagando eleitoral e com a radicalização da democracia direta e participativa, construiremos as bases (eleitorais e legislativas) para transformações mais profundas como as reformas agrária e tributária, mas principalmente a domesticação do cão raivoso da elite: a grande mídia. Caso contrário, não teremos reforma, mas apenas uma maquiagem constitucional para acobertar a manutenção dos privilégios da classe dominante.


*Bacharelando em jornalismo da UFPel e vice-presidente da JSPDT-Piratini.


REFORMA POLÍTICA:
aprofundamento do debate como forma de incusão democrática

Taylor de Aguiar*

A urgência de uma reforma política brasileira é cada vez mais evidente.
O debate está lançado. A sociedade começa a se conscientizar, graças às forças progressistas que lutam bravamente pela verdadeira democratização do país. A reforma do sistema político é um dos maiores passos em busca da cidadania. Mas, o que faz dela uma necessidade irremediável? É importante levantarmos questionamentos acerca das suas diretrizes mais centrais. A quem ela interessa (ou não interessa)? E, sobretudo, como será realizada e em quais moldes? Quem a dirigirá?
Ao pensarmos em uma reforma política, nós, trabalhistas, ressaltamos logo a importância da participação do trabalhador no processo de transformação do nosso sistema político. O Brasil se encontra, como os demais Estados ocidentais modernos, sob uma democracia representativa, onde o trabalhador é, obviamente, representado, e não participante direto do processo legislativo. Podemos questionar: são os partidos, e consequentemente os parlamentares, representantes autênticos do povo? Se não, como farão uma reforma identificada com os interesses dos trabalhadores?
Vem à tona, portanto, a necessidade concreta de um debate progressivo, participativo e aprofundado acerca da reforma política que se quer fazer, envolvendo todos os setores da sociedade. O trabalhismo – do qual a JSPDT é vanguarda – não pode esquecer do trabalhador nessa batalha. Nosso dever é levantar qual seja o interesse de nosso povo em relação a uma reforma política, e defender e divulgar este interesse, para que não incorramos em algum erro irremediável surgido de alguma cúpula burocrático-partidária sem legitimidade perante a sociedade.
Qual a reforma política que o povo brasileiro quer? A que vem sem debate, embalada, elaborada pelos partidos obsoletos e pronta para ser votada, ou a que surge do debate, da vontade popular e da participação democrática? Eis o questionamento, eis o direcionamento e eis a luta. Nós, que representamos o legado getulista, janguista e brizolista, não nos renderemos ao que não for popular.

*Estudante de Ciências Sociais/UFRGS e militante da Juventude Socialista PDT/Porto Alegre.



É PRECISO FORTALECER OS PARTIDOS

Fábio Melo*

Quantas vezes você já ouviu a seguinte frase: “políticos são todos iguais”. Ou então: “políticos são todos ladrões”. Sem dúvida são frases que reproduzem um sentimento de indignação da população. Mas por outro lado, não correspondem TOTALMENTE a realidade. É evidente que muitos políticos se metem em práticas escandalosas e corruptas. Mas se há indignação na hora de apontar e dizer que “político fulano é corrupto”, é preciso que esta indignação sirva também para mudar a atual situação.
E como mudar?
Muito simples. É preciso fortalecer os partidos. É preciso se dedicar a formar quadros partidários e uma militância com formação ideológica, que não se entregue a esquemas esdrúxulos como o que acompanhamos diariamente nas mídias. É neste ponto que entra a juventude organizada. Ano passado, milhões de pessoas tomaram as ruas revindicando mudanças. Organizações que se dizem “sem partido” estavam junto com o povo nas ruas. E muitos que hasteavam bandeiras partidárias eram hostilizados. Se há uma maneira de mudar a realidade de sua rua, seu bairro, sua cidade, seu Estado e até seu país, essa maneira é participando da política partidária – meio verdadeiramente democrático de mudar alguma coisa. De acordo com a Carta de Lisboa: “partidos e povo organizados constituem, por conseguinte, as duas condições fundamentais para a construção de uma sociedade democrática”. Não se engane com discursos que falam em democracia mas repudiam a participação política partidária!
Por outro lado, é preciso ter consciência da ideologia que cada partido defende. Hoje em dia é comum partidos que são verdadeiras “legendas de aluguel”, seus discursos são vazios de ideologia, dizem que não são “nem de esquerda nem de direita”. Enquanto juventude de um partido político (PDT) não concordamos com isto. Somos de esquerda! Nós da Juventude Socialista do PDT defendemos o trabalhismo como meio para se chegar ao socialismo. Mas não qualquer socialismo, e sim o socialismo brasileiro – chamado de socialismo moreno por Leonel Brizola por representar um socialismo democrático e original adequado às nossas necessidades. Assim, estamos sempre realizando atividades e debates para a formação de novos quadros e lideranças comprometidas com a boa política. Somos o único partido que tem uma história voltada ao povo do Brasil. Somos a esquerda nacionalista cujas raízes vem de longe – da Revolução de 1930.
Não nos rendemos! Ser revolucionário é lutar por um ideal!

* Historiador e militante da Juventude Socialista-PDT Porto Alegre


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