segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

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Syriza: Um dia de governo e mudanças profundas Grécia*

Novo governo anuncia fim das privatizações, saúde pública universal e aumento do salário mínimo
Da Redação
Em apenas um dia no governo, novos ministros anunciaram nesta quarta-feira (28) as mudanças que irão ocorrer na Grécia, deixando bem claro que as promessas eleitorais do Syriza (Coalizão de Esquerda Radical) não eram apenas palavras ao vento. A primeira medida oficial foi o anúncio do cancelamento das privatizações planejadas e a apresentação do plano de mudança do sistema de fornecimento de energia no país. Os representantes do novo governo afirmaram também que irão aumentar o salário mínimo e propõem medidas para filhos de imigrantes.
Energia
A primeira medida tomada pelo novo ministro da energia, Panagiotis Lafazanis, foi anunciar o cancelamento dos planos de privatização da Empresa Pública de Energia (DEH, em grego). Ele afirmou que a energia e o gás são muito caros no país, fazendo com que parte da população não tenha acesso a esses bens, e que, por esse motivo, irá elaborar um novo plano para a energia. A privatização era uma das exigências da Troika – comitê tripartite formado pela Comissão Européia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional –como contrapartida do programa de “resgate financeiro” fornecido ao país.
Enquanto não traça um novo plano para o fornecimento de energia, o ministro se comprometeu a garantir gratuitamente energia a 300 mil gregos que tiveram sua energia cortada por não conseguirem pagar as contas.
Porto de Pireu
A privatização do maior porto da Grécia, o Porto de Pireu, também foi cancelada pelo vice-ministroThodoris Dritsas, que ressaltou a necessidade de manter o caráter público do porto e mantê-lo em benefício do povo grego. O governo anterior havia fechado um acordo para vender 67% do porto ao grupo chinês Cosco. Foi anunciada ainda a suspensão da privatização de 14 aeroportos que estavam previstas para os próximos anos.
Salário mínimo
Por sua vez, o ministro do trabalho, Panos Skourletis, anunciou que irá elevar o salário mínimo para 751 euros. Como parte dos acordos com a Troika, o salário havia sido rebaixado para 586 euros em 2012 fazendo com que, da noite para o dia, a maioria dos gregos passasse a ganhar 20% a menos.
Readmissões
Giorgos Katrougalos, vice-ministro da reforma administrativa, disse que serão readmitidos todos aqueles demitidos inconstitucionalmente nos últimos anos, como os trabalhadores da limpeza do Ministério das Finanças e professores e funcionários das escolas públicas.
Na área da Saúde, o ministro Panagiotis Kouroumplis garantiu que o governo irá voltar a garantir acesso à saúde pública para todos os gregos.


Imigração
Em um dos temas mais polêmicos para os governantes europeus, a situação dos imigrantes no continente, o novo governo se posicionou com firmeza. A vice-ministra da Política de Migração, Tasia Christodoulopoulou, afirmou que os Estado irá garantira a nacionalidade a todos os filhos de imigrantes que nasceram, cresceram ou vieram ao país muito novos.
Economia
Yanis Varoufakis, ministro das finanças do novo governo, anunciou, conforme vinha afirmando antes das eleições, que irá lutar para acabar o mais rápido possível com a política de austeridade, que definiu como “um erro altamente tóxico”. Ele afirmou ainda que irá tentar articular uma nova política econômica não apenas na Grécia, mas em todo o continente europeu.
Ministérios
O governo também reduziu o número de ministérios para 10, e nomeou como ministros diversos ativistas de movimentos sociais e professores. Nikos Voutsis, por exemplo, antigo conhecido da polícia por se encontrar sempre nas linhas de frentes nas manifestações contra a austeridade, foi nomeado ministro do interior.