segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

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Trabalhismo e marxismo na teoria do PDT com Edmundo Moniz*



Nascido na Bahia, Edmundo Moniz é um dos maiores intelectuais brasileiros e esteve muito próximo de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. Foi o elo de ligação entre o nacionalismo e o marxismo. A propósito, outro intelectual marxista e nacionalista que esteve muito próximo de Leonel Brizola foi o gaúcho Paulo Schilling, que se encarregou de projetar a reforma agrária contra o latifúndio, no governo de Leonel Brizola no Rio Grande do Sul.
O grande destaque na história do trabalhismo foi um livro notável de Edmundo Moniz, escrito em 1987, prefaciado pelo historiador marxista Nelson Werneck Sodré. Nesse livro Leonel Brizola é caracterizado como um representante trabalhista de esquerda que aglutinou no PDT “os líderes mais conceituados do antigo Partido Socialista, de uma facção que apoiava Trotsky na luta contra Stálin e de vários dirigentes do PCB como resultante do afastamento de Luís Carlos Prestes”.
O que merece ser observado é que ao contrário da leitura feita pela sociologia da USP sobre Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, Edmundo Moniz achava que o PDT deveria ser o partido dos “antigos e atuais partidários de Trotsky”, visando uma revolução social com a “ascensão do proletariado ao poder”.
Historiador da Revolta de Canudos, Edmundo Moniz enfatizou que esta sublevação foi decorrente da ausência de Reforma Agrária. Então, Antônio Conselheiro pode ser visto como um batalhador da Reforma Agrária.
Edmundo Moniz não deixou de reconhecer a abordagem brilhante feita por Darcy Ribeiro em sua Antropologia das Civilizações. Citemos suas palvras: “Darcy Ribeiro é um dos poucos escritores brasileiros que tratam das leis do desenvolvimento desigual e combinado”. Essa lei foi formulada por Lenin e Trotsky baseando-se em Karl Marx, referindo-se ao fato que a sociedade capitalista desenvolve-se de maneira heterogênea e apresenta várias etapas históricas que se combinam entre si. Isso significa que o processo histórico capitalista transcorre de modo contraditório e desigual, com países atrasados e adiantados, aglutinando diferentes etapas do desenvolvimento. Até mesmo dentro do país se observa esta lei, por exemplo: Piauí e São Paulo ou Ipanema e Realengo.
Edmundo Moniz deveria ser lido por todo militante do PDT, sem falar da atual direção que é alérgica à letra de forma. E partido político sem uma teoria de partido político está condenado a ser uma corriola burocrática. Vejamos o que afirmou Edmundo Moniz: “o Partido Democrático Trabalhista, liderado por Leonel Brizola, tem as condições essenciais para tornar-se a grande vanguarda do povo brasileiro”.



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