terça-feira, 2 de setembro de 2014

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Como e por que a palavra imperialismo sumiu do discurso pedetista hegemônico (Lupi e Buarque) dentro do partido






Leonel Brizola ora referia-se a imperialismo, ora referia-se à espoliação internacional como um problema fundamental do povo brasileiro. Essas duas referências assinalam que, ao contrário do léxico do Banco Mundial reproduzido pelo senador Cristovam Buarque (articulista do jornal O Globo e pedagogo da Fundação Roberto Marinho), mostram que o pensamento de Leonel Brizola esteve sempre (desde 1945) conectado à teoria do imperialismo concebida por Hilferding, Rosa  Luxemburgo, Lênin e Trotsky. Isso aparece claramente nos livros de Darcy Ribeiro, sem dúvida o mais importante cientista social do século XX.
A expressão tão usada por Leonel Brizola – “perdas internacionais” – trazia a questão dos nexos entre os países atrasados e avançados. E mais: nessa relação o líder gaúcho chamava a atenção da riqueza transferida dos países pobres para os países ricos. É essa transferência que explica o bem-estar das metrópoles e o pauperismo das colônias.
Leonel Brizola viveu a etapa da exportação de mercadorias e de capital para os países do terceiro mundo, assim como testemunhou a nova etapa do imperialismo a partir de 1964 com a instalação das multinacionais dentro do país. É preciso lembrar que o termo “multinacional” surgiu pela primeira vez em 1960, em Harvard, vinculado à energia atômica nos EUA.
Os marxistas norte-americanos, amigos pioneiros da Revolução Cubana, como Paul Baran e Paul Sweezy, diziam que a Standard Oil é o exemplo típico de corporação multinacional. Não é por acaso que essa empresa multinacional do doutor Rockfeller derrubou Getúlio Vargas em 1945, foi inimiga da Petrobrás e acabou por suicidar Vargas em 1954. Sem falar que essa empresa do Rockefeller foi responsável por vários golpes de Estado na América Latina, o que revela que o comportamento das multinacionais está intimamente associado ao poder de Estado norte-americano. Evidentemente existe uma contradição entre os interesses das multinacionais e o desenvolvimento nacional dos países latino-americanos.
O PDT se quiser continuar brizolista, não pode deixar de fazer a seguinte pergunta: como é que atualmente é feita a pilhagem do terceiro mundo? É essa pergunta que norteia a política dos governos bolivarianos como Mujica, Chávez, Rafael, Cristina e Evo. É por isso que esses governos são caluniados e tripudiados pela mídia venal e vassala das corporações multinacionais. Tudo o que se publica sobre esses líderes políticos é rigorosamente mentira.
Leonel Brizola nunca separou a multinacional da política externa norte-americana, sobretudo a partir do limiar da década de 60. Ele percebeu com notável lucidez que desde então as corporações multinacionais continuavam traçando os rumos do poder mundial durante o século XX.
A questão da personalidade do presidente norte-americano pouco importa, por exemplo: se Bush comeu Big Mac até fartar-se na adolescência, ou se Obama freqüentou os popshows de Joan Baez ou de Madonna. A idiossincrasia do presidente conta muito pouco, quem dita os rumos da política mundial são as grandes multinacionais, e essas corporações não favorecem os interesses do povo norte-americano
É preciso dizer que um senador norte-americano, Hickenlooper, de direita, baixou em 1961 uma emenda para proteger os investimentos norte-americanos no estrangeiro, visando a estabelecer uma política reacionária e anticomunista contra as medidas nacionalista, tal como foi feita pelo governador Leonel Brizola no Rio Grande do Sul em relação a ITT e a Bond and Share.
Nós precisamos dentro do PDT nos precaver contra as aves oportunistas que baixaram em nosso partido com o objetivo de desvirtuar o sentido anti-imperialista de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, os quais não têm nada a ver com o lenga-lenga de Aécio Neves, hoje badalado pela direção do PDT lupibuarqueano, para quem o capital estrangeiro é a alavanca do desenvolvimento do país e bem-estar do povo brasileiro.



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