A Juventude Socialista de Porto Alegre, lança o segundo número do jornal "Folha Trabalhista".
A primeira edição do jornal (em junho) foi um sucesso. A JS distribuiu os exemplares nos gabinetes dos deputados e vereadores. Na sua segunda edição, esta prática também ocorreu e a JS sempre que lançar um novo jornal vai passar na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa, procurando expor as ideias principais do jornal e debater com deputados e vereadores sobre política e cobrando de forma enérgica os nossos compromissos trabalhistas. Nos próximos meses, a JS vai passar em escolas e na prefeitura.
A edição de julho traz textos de Bruno Saldanha e de Fábio Melo.
Confiram!!!
FOLHA TRABALHISTA
JORNAL DA JUVENTUDE SOCIALISTA/PDT-PORTO ALEGRE - Julho de 2014
AS ELEIÇÕES DE 2014 E A JUVENTUDE
Fábio Melo*
Mais um ano de eleições. Em outubro temos todos a obrigação de comparecer às urnas e votar de forma consciente. Mas em quem votar? Que projeto hoje em dia representa os verdadeiros ideais trabalhistas? Que projetos representam, nestas eleições, a continuidade da luta de Brizola?
Ao que parece, nem mesmo os nossos candidatos trabalhistas do PDT representam algo de novo. Precisamos estar a esquerda do processo, sem qualquer tipo de “terceira via” tecnocrata, ou “esquerdismo oportuista” que se proliferam nos discursos de políticos amorfos. Dizem eles: “vamos manter isso, mas precisamos controlar a inflação” - é um discurso vazio, na medida que só fala da superfície; é preciso debater as estruturas mais profundas da desigualdade social.
Não se debatem mais projetos de nação. Não se fala mais em reforma agrária, numa época em que os movimentos sem terra e outros ainda lutam para poder ter seu chão e sua dignidade; e pior, enquanto o agronegócio aparece como “salvador da pátria”. Não há terras para todos neste país continental? Se os Estados Unidos fizeram uma reforma agrária há mais de 150 anos, porque nós no Brasil ainda não? Não se discute reforma urbana, enquanto movimentos sem teto lutam contra a especulação imobiliaria; Será que não há espaços para moradias populares nos centros das cidades? Até quando vamos manter esta segregação urbana? Não se fala em reforma na educação, exatamente quando alguns índices (inclsive internacionais) mostram que nossas crianças e adolescentes tem dificuldades na escrita e na interpretação e, ainda pior, não sabem ser criativos. Não se fala em internet livre e gratuita, enquanto cada vez mais somos obrigados a estar conectados nas “redes sociais virtuais”.
O que há com nossos políticos, mais preocupados com o marketing eleitoral e tempo de tv na propaganda do que com projetos? Que há com nossos políticos que se preocupam com em manter a imagem de “bom moço” e não debatem mais seriamente? Eles tem medo?
Se eles tem medo ou receio, nossa Juventude não pode ter. Temos que ser a vanguarda, temos que ousar. É nosso dever ir atrás dos candidatos de nosso partido, um por um, e cobrar deles projetos de nação; projetos que realmente mudem a realidade de nossa cidade, Estado e país. Temos que ser radicais, e radicalizar até alcançar nossos objetivos. Ou inventamos ou erramos... Nossa obrigação é de fazer pressão ao conservadorismo dos políticos de nosso próprio partido.
Viva o brizolismo de esquerda!*Historiador e militante da esquerda trabalhista da Juventude Socialista do PDT/Porto Alegre
DE QUE LADO O TRABALHISMO SE COLOCOU NESTA COPA?
Bruno Saldanha*
Desde o ano passado, em que a população – para além dos militantes políticos – foi às ruas protestar contra tudo o que está errado no cenário político, reivindicando melhores condições nas áreas em que consideramos direitos básicos, como saúde e educação, esta última tendo sua bandeira altamente levantada, um dos pontos principais para o ápice do esgotamento popular foi a realização da Copa do Mundo em nosso país. Podem-se fazer inúmeros apontamentos contra e a favor, mas uma opinião foi praticamente unânime – ao menos do ponto de vista popular: o Brasil tem muitas coisas mais importantes para se preocupar!
Os comentários nos ônibus, nos hospitais, nas comunidades, nas escolas públicas e em qualquer local de circulação dos trabalhadores, do povo que mais utiliza os serviços públicos e sofre com os mesmos, sempre direcionavam a um sentimento ambivalente: o amor pelo futebol e a decepção com a realização de um evento tão importante em um país tão precário! Este sentimento levou o povo para as ruas e fez com que refletissem para além do esporte: pensar o que a Copa do Mundo nos trouxe e qual será o seu legado?
Nas escolas não foi diferente. As escolas e professores buscaram a revitalização do patriotismo, mascarando, muitas vezes, os problemas que a copa do mundo trouxe. Como professor, me parecia que a qualquer momento se tornaria rotina (novamente), durante a realização da copa, os alunos cantarem o hino do Brasil antes de entrarem para as salas de aula. Não acho negativo o sentimento nacionalista – muito ao contrário –, mas buscar este sentimento em um momento tão profundo para estas crianças e suas famílias, é um tanto ingênuo. As famílias de escolas públicas, trabalhadores, têm muitas preocupações tão mais importantes e imediatas, como a alimentação, a saúde, a mudança do ambiente de moradia (removidos em função das obras da Copa do Mundo), entre tantos outros, que é difícil fazer com que vejam positivamente a realização do evento, que, mais do que nunca, está tão distante da sua realidade! A reflexão que as escolas poderiam instigar nos alunos seria muito mais positiva se não tivesse tamanha carga de imposição de um sentimento que não faz parte da classe trabalhadora – e não falo somente em classe econômica, mas cultural também. A busca do conhecimento, baseado nas vivências do aluno, não tem se feito presente nas escolas, e isso é o que mais tem sido motivo de fracasso no processo de aprendizagem. Não seria diferente com esta busca pelo patriotismo, nesse momento!
Por isso, e muitos outros motivos, a copa não foi para os mais de 50% do povo brasileiro, mas da parcela menor, que ganha salários maiores que 5 mil reais (um luxo em um país com tamanha desigualdade social e econômica)!
A questão que deve ser refletida, enquanto defensores do trabalhismo de Brizola, é a seguinte: para que (m) a Copa do Mundo serviu?
* Estudante de Ciências Sociais na UFRGS e militante da esquerda trabalhista da Juventude Socialista do PDT
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