quarta-feira, 25 de maio de 2011

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Ano Internacional dos Afrodescendentes



No dia 13 de maio de 1888 vivemos um fato até hoje sentido pelos nossos afrodescendentes, a 'ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA', e assim se deu um período de transição dos quilombos para as periferias, onde os negros nada tiveram além de uma maior repulsa daqueles que se diziam 'sangues azuis' da nossa sociedade. Mais de um século depois, observamos uma mistura de maioria negra na população brasileira onde com muito esforço buscamos meios de ter uma maior igualdade racial.

O ano de 2011 foi estabelecido como o Ano Internacional dos Afrodescendentes, por isso não podemos esquecer daqueles que com muita honra resistiram a qualquer tipo de preconceito racial dentro da desigualdade social em que vivemos.

Abaixo um texto publicado no dia 12/05/2011 – Jornal do Comércio/RS

Um Brasil mais igual com a inserção negra

Dia 19 de abril ocorreu a Batalha dos Guararapes, bem próximo do Recife, capital de Pernambuco. É a data do Exército Nacional. Nesse dia, pela primeira vez, combateram, ombro a ombro, contra os holandeses, o português branco europeu, os índios e os negros trazidos da África como escravos. A maior herança portuguesa foi a miscigenação e uma simbiose sexual que redundou em um amalgamento racial sem precedentes, mesmo com seus pecados típicos dos que viviam abaixo da linha do Equador e a nódoa da escravidão. Dom Pedro II e o duque de Caxias - patrono do Exército - pacificaram a Nação, entre os revoltosos os nossos farroupilhas. Coube a Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, nascida no Rio de Janeiro em 29 de julho de 1846, falecida na França em 14 de novembro de 1921, a princesa Isabel, dar a liberdade total aos escravos. A data é contestada, a preferida é a que consagra Zumbi dos Palmares, um herói que lutou contra os escravagistas. Mas, libertos, os negros, analfabetos e sem moradia e comida deram início à favelização e aos núcleos de quilombolas, uma tragédia social.

Mas o Brasil evoluiu muito desde então, não tão rápido quanto seria bom para o País. Então, é uma felicidade saber que Angola, Colômbia e Haiti estão interessados em replicar o modelo da Faculdade Zumbi dos Palmares, de São Paulo, até hoje a única instituição de ensino da América Latina com maioria de alunos negros, ou 87% do total. O reitor é o advogado José Vicente. Ele pretende levar a exitosa experiência para o Rio de Janeiro e Salvador. A faculdade terá 12 cursos superiores e duas pós-graduações até o fim deste ano. Os cursos mais procurados são os de Direito e Administração, Tecnologia em Transportes, Pedagogia e Publicidade e Propaganda. Estão matriculados na Zumbi dos Palmares 1,8 mil alunos. Nos 123 anos da abolição oficial da escravatura, a situação do negro no País está melhor do que há anos, mas bem distante da que se poderia considerar minimamente adequada. O tema igualdade racial ainda não seduziu o País e as forças políticas e sociais não conseguiram compreender o terrível prejuízo que sofrem todos, negros e brancos, pela não integração de verdade dos afrodescendentes.

Depois das mulheres, dos idosos e dos homossexuais, os negros - agora maioria dos brasileiros e também da nova classe média do consumo - tornar-se-ão a bola da vez na agenda política e econômica. Eles ainda não têm presença expressiva nas universidades e nos altos cargos das empresas, como demonstra a pesquisa “Perfil Social, Racial e de Gênero e Suas Ações Afirmativas-2010” feita pelo Instituto Ethos. Como a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu 2011 como o Ano Internacional dos Afrodescendentes, o Brasil deve fazer mais para acelerar a integração e a elevação social dos negros, que nos colocaram como expoentes mundiais no futebol, na música, na arte e literatura. O último Censo mostra que cresceu o sentimento de pertencimento da raça. Essa elevação da presença e a designação de papéis relevantes para os negros nos últimos anos, como ministros de Estado, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), governadores e como atores principais em telenovelas contribuíram para o fenômeno.

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